Construído em 2001, por iniciativa de Moysés Luiz Michelon, o Hotel Villa Michelon compreende uma área de 23 hectares, no coração do Vale dos Vinhedos, interior de Bento Gonçalves – RS.

Uma de suas principais características é o fato do Villa Michelon ter sido o primeiro estabelecimento hoteleiro do roteiro, que até então era voltado somente para vinícolas e sem o foco no turismo. Visto que a região contava até então com apenas seis vinícolas familiares, o que fazia com que o turista necessitasse retornar ao centro urbano da cidade para descansar e se alimentar, uma vez que não havia pousadas, hotéis e restaurantes no Vale.

Dentre os vários anseios da etapa de construção do hotel, estava a necessidade do estabelecimento manter a identidade ítalo-brasileira e contar o legado histórico por meio da arquitetura inspirada nas casas dos primeiros imigrantes italianos. Para que esse resgate histórico estivesse presente na obra do Villa Michelon, a arquiteta Vanja Hertcert foi a responsável pela assinatura do projeto arquitetônico.

Ao adotar a construção em prédios interligados de baixa altura, o projeto arquitetônico buscou explorar e valorizar o entorno, evitando agressões à paisagem natural. Esta preocupação com a preservação ambiental foi reconhecida recentemente por estudos em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que valorizam a proteção do Vale dos Vinhedos, evitando a sua descaracterização.

A estrutura principal do Hotel Villa Michelon se assemelha às antigas casas, ainda vistas pelo interior de Bento Gonçalves, que compreendiam a um andar amplo e um porão, valendo-se da simplicidade das formas. A casa colonial, que serviu de inspiração para o majestoso Villa Michelon, se mantém viva em nossa edificação, como maneira de valorizar e reconhecer o papel dos primeiros imigrantes italianos na região do Vale dos Vinhedos.

Projetado para ocupar a área de um vinhedo já abandonado, o hotel foi construído em um único piso, com vistas a não se sobressair na topografia da região (ação que teve inclusive reconhecimento internacional), com os plátanos, que demarcavam o vinhedo, preservados.

Externamente o projeto é uma releitura do Hotel Bela Vista, residência dos avós Antonio e Josephina Michelon, que da década de 1945 até a década de 1960 recebiam os turistas no que então era uma estância para o tratamento de doenças respiratórias. Foram preservadas e destacadas as janelas com seu requadro em alto relevo e os “escureti” (venezianas sem frestas), foram também utilizadas as mesmas tonalidades de cores, já as sacadas e o seu peitoril de metal trabalhado e os lampiões lembram a arquitetura da década de 1940 e 1950.

No que diz respeito ao interno do hotel, vê-se detalhes da casa da nona, no piso de madeira, e seu consequente conforto, móveis em tons mais escuros, cabeceiras das camas em metal e madeira com seus detalhes em curvas clássicas. Além do pé direito mais alto, e a medida dos apartamentos ser muito superior à média da hotelaria convencional.

Para completar a experiência dos hóspedes e visitantes, o projeto arquitetônico prevê internamente amplos espaços de convivência e externamente um enorme respeito à natureza com a preservação de mais de 4 hectares de natureza intocada e a introdução de um parreiral modelo, onde as principais variedades viníferas e métodos de construção são demonstrados, além de um pomar com mais de mil mudas frutíferas de kiwi, figos, caquis, pêssegos, laranjas, bergamotas, ameixas, limas e uma variedade de pequenas frutas.

Atualmente, o Hotel Villa Michelon conta com 57 acomodações, parque de lazer e poliesportivo, centro de eventos, espaço memorial e restaurante.